Abrolhos com muita água!

Hoje é dia de uma história mais recente. Fui para a estação do Marumbi no dia 25 de junho de 2011, com alguns amigos da faculdade, alguns mesmos que eu contei em outros posts, Junior, Ana Cecília, Gabriel e Rafael. Juntos tínhamos subido somente o Anhangava, uma montanha de nível bem fácil, então indiquei que subíssemos o Marumbi, de um nível  mais difícil e também minha montanha preferida aqui da Serra do Mar. Nossos planos eram, no sábado, ir de ônibus até a estação, montar o acampamento e aproveitar o dia com atividades leves como subir o Rochedinho(625m), ir no cemitério de grampos e na pedra lascada, e no domingo partir cedinho para subir o conjunto pela trilha noroeste, que passa pelo cume do Abrolhos(1200m), Ponta do Tigre(1400m), Gigante(1487m) e finalmente ao Olimpo(1539m), o ponto mais alto do conjunto, e descer pela trilha frontal, que liga o Olimpo direto à estação, passando pela Cachoeira dos Marumbinistas, e voltar para Curitiba com o trem da Serra Verde Express.
Mas os planos acabaram não sendo totalmente bem sucedidos...




No sábado, o tempo não estava dos melhores, muita neblina e um pouco de garoa e chuva em alguns momentos,  pegamos o ônibus da viação Graciosa, o Curitiba-Morretes pela Estrada da Graciosa, que sai as 7:45, esse ônibus só tem esse horário, e deve ser solicitada a parada em Porto de Cima, os outros ônibus Curitiba-Morretes vão pela BR277, não passando por Porto de Cima. Ao descer em Porto de Cima, é só seguir a estrada principal até uma 1ª estação do IAP, onde se faz um primeiro cadastro, e depois segue-se até a estação Engenheiro Lange, onde passa o trilho do trem, segue por ele para a direita da estação, até uma trilha menor que vai levar a estação do Marumbi, não tem erro, e qualquer dúvida é só pedir informação na 1ª estação do IAP.
Na Estação do marumbi se faz um segundo cadastro, para usar o camping e informar sempre que sair para as trilhas. Fizemos este caminho, montamos o acampamento e fomos subir o Rochedinho, em 20 minutos se sobe ele, está a 625m do nível do mar, mas nossa chegada foi um pouco frustrande devida ao mau tempo, não conseguimos ter absolutamente nenhuma vista, com o tempo aberto pode se ver o grande Marumbi, o camping, a ponte São João, o que é muito bonito, mas neste dia a vista foi só o branco da neblina, ficamos todos um pouco decepcionados, ainda mais pelas fotografias que pretendiamos tirar, então nos apegamos aos detalhes da natureza para tirar algumas fotos:









Quando voltamos resolvemos ir até o cemitério dos Grampos, mas já estava anoitecendo e acabamos por não aproveitar, já que chegamos lá e não conseguimos ver quase nada e para voltar ainda quase erramos a trilha. Quando estávamos voltando ao camping, finalmente tivemos uma primeira aparição da montanha, foi uma imagem mágica, parecia uma miragem a silhueta obscura daquela montanha gigante aparecendo entre as nuvens.
 Tiramos algumas fotos rápidas e fomos então preparar nosso jantar, muito bem servido de miojo de vários sabores, e como o camping estava muito cheio, e uns dos nossos vizinhos estavam fazendo uma verdadeira festa, fomos ali na casa da Estação matar um tempo conversando.

A noite foi realmente preocupante. Choveu muito a noite toda, e fiquei com muito medo que a trilha fosse fechada no dia seguinte, e também que a galera desanimasse de subir, afinal nenhum dos meus companheiros já tinha subido, e podia mesmo ser perigoso. Por sorte de manhãzinha a chuva parou, mas mesmo assim a trilha estava molhada e ninguém ficou muito animado para subir, então tomamos um café mais demorado, eu e o Junior saímos tirar umas fotos da estação, quando la pelas 8:30 as nuvens se abriram e mostraram o Marumbi lindo como sempre, e aquela visão incrível nos subiu a cabeça, e decidimos subir!








Mas ao fazer o cadastro, aconselhados pelo fiscal do IAP, decidimos não fazer o conjunto completo, mas somente subir até o Abrolhos, devido a trilha molhada e a inexperiência da maioria do grupo. E foi realmente o mais sensato e correto, como vimos durante a trilha...

A trilha noroeste, que leva até o cume do Abrolhos não é muito cansativa para as pernas não, quando fiz a frontal achei muito pior, mas a maior dificuldade da noroeste são os grampos, que são relamente MUITOS. A partir de um momento a subida vira quase que só grampos, com poucas pausas, e seria tranquilo, se o ambiente não estivesse úmido do jeito que estava, o que deixou o grupo com bastante medo. Em um trecho, a situação ficou realmente tensa, era um paredão de uns 15metros, bem vertical e só com uma corrente para subir, e com tudo liso, tenho q confessar que estava um tanto perigoso. Fomos, mas um dos nossos amigos o Rafael, que nunca tinha subido montanha, travou nessa parte. Não vimos outra saída e continuamos, passamos esse trecho indo com calma e segurança, passou uns 5 minutos e o Rafael apareceu, ouviu uma música, superou o medo e continuou, o que foi muito legal. Essa foi a parte mais tensa do caminho, o resto continuou de grampos lisos, mas com cuidado fomos tranquilos.




Ao chegar ao cume, a sensação foi indescritível. A vista apesar de envolta em muitas nuvens estava maravilhosa, as nuvens iam e vinham, hora cobrindo, hora abrindo os paredões da montanha que se impunham ao lado do cume do Abrolhos, e também se abriam no horizonte revelando a silhueta da Serra do Mar. Foi uma das vistas mais lindas que já tive em montanha, se não foi a mais bonita. O fato das nuvens estarem nos envolvendo ao invés de estragar a vista, deixou ainda mais bonito, e tornou o momento mais mágico.
Mais uma vez a chegada ao cume de uma montanha me trouxe toda a felicidade, completou todos os vazios que se tem na vida, valeu por cada segundo de esforço gasto e deu mais combustível e motivação para viver e querer sempre voltar para esses paraísos para o corpo e para a alma.













Ficamos 1 hora no cume e descemos pois já o tempo já estava ameaçando chuva. Dito e feito, a chuva começou no pior momento da descida, a parte do paredão só com a corrente. Cada um usou uma técnica, alguns envolveram os dedos entre os anéis da corrente para não escorregar, uns foram sentados na pedra, descendo devagar, estava muito escorregadio e perigoso, mas deu tudo certo, todos chegaram ao fim indo com cuidado e atenção. Depois desse trecho, tudo parece fácil, terminamos a trilha, e devido ao cuidado que tivemos que tomar pelas dificuldades com a chuva e a trilha molhada, só chegamos pelas 15horas, levamos umas 3 horas e meia para subir e 3 horas para descer. Desmontamos o acampamento e voltamos com o trem    da Serra Verde Express, que na classe econômica, do Marumbi até Curitiba sai por R$30,00, o que é uma boa facada, mas devido ao cansaço, aceitamos.

O aproveitamento foi máximo e valeu muito a pena, mesmo assim ainda pretendemos voltar e fazer finalmente o conjunto completo do Marumbi, esperamos que num dia de melhor tempo!

Fotos por Veleda Müller e Junior Costa.



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